A falta de esperança: quando achamos que tudo está perdido


A falta de esperança é exaustão mental, emocional e comportamental. É estar cansado de tantas deceções e tristezas acumuladas. É um veneno que pouco a pouco apaga sonhos, motivações e energias. É uma camada de deceção permanente.
É aquela sensação que nos faz respirar através da amargura até nos mergulhar numa armadilha psicológica muito perigosa. Porque com o tempo, esses estados deixam-nos muito vulneráveis à depressão e a outros transtornos com um alto custo emocional.
Existem também situações nas quais alguém diz ter perdido o sentido da vida, alguém que se sente aprisionado pela falta de esperança, alguém que sofre emocionalmente sem saber muito bem a razão…
São muitos os pacientes que acham que estão no abismo, na beira desse precipício, momento no qual é necessária uma rápida intervenção para que não caiam, para que se possa agir a tempo.
Porque se há algo que a maioria de nós sabemos é que a falta de esperança é uma crença perigosa e irracional que faz a pessoa chegar a pensar que tudo, absolutamente tudo, está perdido…
A palavra esperança vem do termo francês “espoir” e significa respiração. Portanto, a falta de esperança seria a simbolização não apenas da falta de respiração, mas também da ausência de “espírito” ou da perda da essência que nos torna humanos. 
Para além desse significa simbólico, sem dúvida há a realidade objetiva que se desprende desse sentimento. A falta de esperança, longe de possuir apenas uma explicação, tem na verdade uma complexa rede de dinâmicas e processos internos muito significativos.
Isso faz com que, por exemplo, seja tão complicado para a pessoa responder por quais os motivos por que ela se sente sem esperança.
• O que se sente é a perda de significado. De repente, nada mais tem sentido para a pessoa.
• Há um acumular de experiências negativas que não foram processadas de maneira correta.
• Há uma baixa autoestima.
• Observa-se, ao mesmo tempo, uma vulnerabilidade evidente. Chega-se a um ponto no qual se considera como certo que nada, nenhuma ação específica, poderá mudar as coisas.
• Há a presença de sentimentos como a tristeza, a apatia, o cansaço físico, a desmotivação, o desinteresse por tudo que antes definia a pessoa.
• Há frustração, amargura e um grande pessimismo.
Um aspecto que não podemos deixar de lado ao viver toda essa sintomatologia é que, se essas dinâmicas psicológicas e comportamentais forem persistentes, abriremos caminho a um evidente processo depressivo.
A falta de esperança, geralmente, vem e vai. É uma inquilina incómoda que nos visita em determinadas épocas, mas que aos poucos tende a desaparecer quando mudamos a perspetiva ou colocamos novos hábitos em prática.
Todos nós temos a possibilidade (e a obrigação) de fazer uso de recursos pessoais adequados para enfrentar a falta de esperança. Algumas dicas para refletir são as seguintes:
• Entenda como se sente, tentando nomear cada estado mental e emocional.
• Compreenda que a falta de esperança frequentemente segue a regra dos três: estou exausto(a) por me sentir triste, frustrado(a), dececionado(a). Afinal de contas, é um estado cumulativo. É ter deixado passar muitas coisas sem as ter resolvido previamente. Portanto, é importante tentar livrar-se da origem desses sentimentos.
• A falta de esperança é um estado emocional que se intensifica, ao mesmo tempo, pelos nossos comportamentos. Seguir as mesmas rotinas vai fazer com que alimentemos essa situação, esse estado. Portanto, devemos colocar novos hábitos em prática. Devemos tentar conectar-nos com a realidade de outros modos, inovar, iniciar novos projetos, ser criativos na medida do possível.
Para concluir, quando nos encontramos nessa prisão da falta de esperança, o mais importante é gerar alternativas, abrir novas portas, transitar por novos ares.
Fica claro, no entanto, que nem sempre é possível sair desses cubículos de dor psicológica sozinhos.
Não devemos hesitar, portanto, em buscar ajuda profissional se for necessário.

Fonte: a mente é maravilhosa

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