Sendo nós animais sociais, é natural que exista alguma dependência emocional nos nossos relacionamentos, o que nos faz precisar uns dos outros. A dependência emocional no casal é um estado natural que se gera em qualquer relação afetiva. Sempre que houver um vínculo afetivo, desenvolveremos um estado de dependência emocional em relação a essa pessoa. É algo que o ser humano adquiriu desde a infância como um mecanismo de subsistência, em primeiro lugar com pais e progenitores e depois com todas aquelas pessoas com as quais formamos um vínculo afetivo. O ser humano precisa de segurança nas relações de vinculação, isso favorece o vínculo, a proteção e a autoestima dos membros na relação.

No entanto, quando a pessoa desenvolve relacionamentos inseguros nos estágios iniciais, com pais ou irmãos, pode desenvolver um padrão mental inseguro nos relacionamentos afetivos que facilita o aumento do grau de dependência quando estão numa relação. Quando esse grau de dependência emocional é alto e disfuncional, ou seja, ao invés de sustentar o relacionamento emocional, dificulta, falamos no problema da dependência emocional.

Embora a dependência emocional não seja realmente uma perturbação psicológica, é sim a fonte de muitos problemas psicológicos e stress nas relações pessoais, especialmente no campo das relações afetivas: família, amizade e, principalmente, relacionamentos amorosos. Em muitos casos, as pessoas que estabelecem relações baseadas na dependência emocional não estão cientes disso, apesar dos muitos distúrbios que podem desenvolver, incluindo depressão, distúrbios psicossomáticos, ataques de pânico, e outros distúrbios de ansiedade.

Identifique e reconheça o problema.
No relacionamento com o seu parceiro quando tiver sintomas como os descritos abaixo, e estes se manifestem de uma maneira significativa e dolorosa na sua vida, terá que equacionar que possivelmente está a passar por um problema de dependência emocional:

Necessidade obsessiva de proximidade. Quer estar com seu parceiro em todos os momentos, não consegue suportar a distância física, muito menos a psicológica (que o seu parceiro não lhe dê atenção).

Sensação contínua de necessidade do outro. Por muito tempo que esteja com o seu parceiro nunca é o suficiente, falta sempre alguma coisa.

Insegurança contínua em relação ao futuro. Nunca está tranquilo relativamente ao futuro do relacionamento. Está em constante estado de alerta com medo de que o seu maravilhoso relacionamento acabe.

Sentimento de não merecer ou estar ao mesmo nível do seu parceiro. A sensação continua de inferioridade dentro do casal, pensar que não merece esta relação, ou considerar uma grande sorte ter encontrado o seu parceiro. Não importa há quanto tempo o seu parceiro esteja consigo, não consegue livrar-se do sentimento de “eu não mereço esse relacionamento”.

Medo da falta de amor. É algo que o persegue. Tem a sensação de que essa coisa maravilhosa não pode ser verdade, e terá que acabar. medo de um dia constatar que o sonho acabou e que o abandonaram.

Falta de afirmação pessoal para mostrar os próprios gostos e necessidades. Perda da sua individualidade, despersonalização, complacência e adaptação a todos os gostos e necessidades do casal, perda da consciência dos seus desejos e necessidades, e jamais expressá-los, se isso significar frustrar o seu parceiro.

Identifique seus comportamentos de dependência.
Em cada pequeno comportamento que reforce a dependência emocional, torna-se mais viciado no seu parceiro, por essa razão, temos que identificar todos esses comportamentos para mais tarde ousar abandoná-los. Esses comportamentos são mecanismos de segurança que usa para fortalecer o relacionamento com o seu parceiro. Abaixo pode ver uma lista de exemplos de comportamentos dependentes, não estão todos os logicamente possíveis, deve identificar todos aqueles que não estão incluídos na lista para aumentá-la:

Eu não me atrevo a contradizer os gostos do meu parceiro, embora eles não sejam bons para mim.
Não me atrevo a tomar iniciativas com medo que o meu parceiro não goste.
Não me atrevo a expressar minhas opiniões com medo de contrariar meu parceiro ou parecer pouco inteligente (hábil, confiante, etc).
Não me atrevo a perguntar ao meu parceiro sobre os seus sentimentos sobre mim, para que ele não me possa dar uma resposta que eu não gosto.
Sempre que possível, quero estar com meu parceiro. Qualquer tempo livre é para estar junto.
Qualquer atividade que eu faço com outras pessoas quando poderia estar com o meu parceiro, parece chato, monótono e um desperdício de tempo, pois o que eu realmente quero é estar com o meu parceiro.
Se o meu parceiro não me der atenção, acho que ele não me ama mais.
Eu nunca discuto, adapto-me a tudo que meu parceiro quer.
Eu perdoo os seus erros e não suporto os meus.
Eu afasto-me dos meus amigos se eles vão separar-me, mesmo que por pouco tempo, do meu parceiro.
Eu penso uma e outra vez sobre questões relacionadas com o meu parceiro.
Eu disfarço meus estados emocionais negativos (por exemplo, tristeza ou raiva) com medo de perturbar meu parceiro.
Eu estaria disposto a suportar a infidelidade para não terminar o meu relacionamento.
Eu sou capaz de renunciar dimensões importantes da minha vida, como estudos, trabalho ou relações sociais, a fim de não contrariar o meu parceiro.
Se percebo que meu parceiro não me dá atenção ou se distancia, insisto de novo e de novo para recuperar a proximidade no relacionamento.
Caso ele me abandone, tento de novo, e de novo para retomar comigo, não me importo se ele me desprezou ou foi infiel.
Às vezes faço-me de vítima (exagero ou invento qualquer coisa má) para fazê-lo prestar mais atenção em mim.
Eu uso drogas para conseguir acompanhar o meu parceiro ou para diminuir o desconforto emocional ligado ao relacionamento (ciúmes, insegurança, tristeza, etc.)
Eu não paro de pensar sobre o meu parceiro, qualquer acontecimento insignificante faz-me pensar muito e obsessivamente nele.

Como superar a dependência emocional:

Enfrente o medo da perda do casal.
Uma vez identificados esses comportamentos de dependência, e, de modo a não perder o seu parceiro, deve tentar eliminá-los completamente. Não se trata de fazer algo para perder o parceiro, não é isso, muito pelo contrário, uma vez que se está tornando mais independente, quem realmente é, e, portanto, mais interessante e atraente para o seu parceiro. Por exemplo, se se atrever a mostrar mais os seus sentimentos, mesmo que ache que o seu parceiro não irá gostar, atreve-se a “perder” um pouco, para reafirmar a sua opinião. Isto, embora possa amedrontá-lo, irá fortalecê-lo. Após o primeiro momento de medo e insegurança, experimentará um sentimento de maior confiança e segurança em si mesmo.

Torne-se mais “egoísta” (assertivo). Reconheça e expresse as suas necessidades.
Sim, mais egoísmo no seu relacionamento amoroso, isto é, colocar-se na linha da frente da relação. Não tenha medo de ser uma pessoa dura, egoísta e insensível, se é uma pessoa com dependência emocional nunca irá ser assim, mas se atrever-se a ser menos complacente e lutar pelos seus gostos e necessidades, ter um comportamento mais assertivo e equilibrado nas relações afetivas, e encontrará o antídoto para o veneno da sua complacência e servilismo nos relacionamentos. Portanto, agarre a lista dos seus comportamentos de dependência e ouse fazer exatamente o oposto do que tem feito. Por exemplo, se nunca se atreveu a contradizer os gostos do seu parceiro, atreva-se agora a mostrar os seus gostos e desejos e esforce-se para convencer o seu parceiro a realizá-los.

Pratique o distanciamento físico.
Para fortalecer a sua autonomia, o distanciamento físico é especialmente útil, quer por algumas horas ou, se possível, por alguns dias. Quando há um quadro de dependência emocional, a ausência temporária de contato facilitará a exposição imaginária à perda. Vamos experimentar o vazio da ausência do casal. Ao aceitar essa “perda” imaginária como o nosso maior medo, fortalecer-nos-emos e experimentaremos sentimentos de maior autonomia e independência. Vai ser necessário algum tempo para isso. Mas finalmente podemos até desfrutar das atividades que realizarmos, sem ter a sensação de falta ou ausência do ente querido.

Concentre-se nas áreas fortes da sua vida.
Se o teu forte é o trabalho, e nele há bons motivos para aumentar sua autoestima, dedique-se ao seu emprego, e, especialmente às conquistas que pode fazer. Se forem as relações sociais, dedique-lhes mais atenção para fortalecer a sua autoestima. O mesmo pode ser feito com desporto, cuidados com o corpo, viagem, leitura, família, ciência etc.

Desenvolva sua inteligência emocional.
O que está a fazer com esta leitura é justamente isso, desenvolver a sua inteligência emocional. Entenda-se melhor, entenda os seus problemas e procure soluções para melhorar a sua vida emocional. Aprenda a expressar as suas emoções, superar medos e vícios emocionais que geram grande sofrimento, e desenvolva novos sentimentos de tranquilidade e serenidade para se sentir mais à vontade consigo mesmo, e com o seu parceiro. Também deve desenvolver uma melhor compreensão de como as suas mudanças emocionais provocam reações emocionais positivas no seu parceiro. Isto dar-lhe-á a confiança e a segurança de que precisa.

Fonte: conscientizar.wordpress.com

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