O adjetivo “egoísta” vem carregado de noções negativas que trazemos connosco desde a nossa infância. Aprendemos desde cedo que devemos dividir tudo: os nossos brinquedos, doces, amigos e até mesmo o nosso tempo! Quem não age dessa forma é rotulado de egoísta e mal-educado. 
Então… chega a inesperada, porém inevitável, fase adulta e mantemos no nosso íntimo os mesmos padrões. Temos que doar, dividir, compartilhar tudo, para que não sejamos rotulados, encarados na sociedade como pessoas que só pensam em si próprias, egocêntricas, individualistas.
Nesse contexto supramencionado, a vida torna-se um aglomerado de cobranças intermináveis e, quando nos damos conta, não temos tempo para nós! Tempo para nos sentirmos de verdade, para fazer o que realmente gostamos, para doar com intensidade o que temos de melhor.
Isso tudo somado a todas as cobranças que a vida moderna nos imputa, acabamos por entrar num estado de stress emocional que nos impede de sentir prazer no que fazemos e tudo passa a fluir de forma mecânica.
É justamente nesse momento, que é necessário se fazer uma releitura das nossas cargas de crenças, princípios e valores.
A vida passa muito depressa inserindo-nos em ciclos e fases, e mesmo que não concordemos, quando percebemos, o tempo passou e já não podemos mais fazer tudo que gostaríamos!
Mas o que fazer para remodelar a nossa vida, se tudo o que fazemos é preciso e não podemos mudar de uma hora para outra?
É preciso ser egoísta! Sim, isso mesmo! Ser EGOÍSTA! Fechar a porta, desligar o whatsapp, desaparecer do facebook, não responder a todas as mensagens, selecionar os e-mails que merecem resposta, dizer não aos grupos que colocam o seu nome sem consentir, comer sem contar calorias e vestir a roupa que lhe faz bem e não aquela que vai agradar as pessoas. É PRECISO SABER SEPARAR O QUE É NECESSÁRIO E URGENTE DO QUE PODE ESPERAR!
O egoísmo nesse contexto vem transvestido de escudo protetor para nos salvaguardar dos excessos. Mesmo que tente, não dará conta de tudo! As demandas se multiplicam a cada segundo, a carência do mundo aumenta, o stress consolida o seu apogeu e a tristeza e a solidão estão invadindo a alma de muitas pessoas.
Já não temos tempo para sermos nós mesmos! Os momentos felizes já não podem ser registados pelas lentes de uma câmera, sem que passem por filtros para esconder a verdadeira realidade.
Aquela ruga que nos torna mais maduros, aquele cabelo branco que impõe respeito, aquela espontaneidade de um sorriso em grupo, são remodelados por uma falsa perfeição que polui a alma do Ser humano, o tornando solitário e perdido dentro do seu próprio contexto. Este mesmo ser que a cada vez que se olha no espelho e tem dificuldade de encarar a sua verdadeira identidade.
Por tudo isso, é que é preciso às vezes “egocentralizar”, voltar-se para si mesmo procurando a sua satisfação interior, sem culpa, sem medo de ser julgado, porque, muitas vezes, aquele doce é do tamanho que precisa para adocicar a sua alma e se for compartilhado a todo custo, faltar-lhe-á um pedaço a si.
O seu tempo é o doce presente da vida, portanto não tenha vergonha e nem sinta culpa de querer comer sozinho!

Fonte: Rosana Bouleh em osegredo.com.br

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