A oração pode curar as pessoas?

A oração pode curar as pessoas diz estudo cientifico prublicado em vários periódicos internacionais.por Joshua Clark – traduzido por HowStuffWorks Brasil
 

Há algum tempo, a ciência investiga conexões entre a mente e o corpo. Alguns cientistas descobriram que a fé de uma pessoa pode ajudá-la a viver uma vida mais longa e saudável [fonte: Yang (em inglês)]. A oração pode baixar a pressão arterial e diminuir o ritmo cardíaco, dois fatores que contribuem para um sistema imunológico mais resistente [fonte: Bernardi, et al (em inglês)].
Mulher em uma sala de cura
Jeff T. Green/Getty Images
Estudos mostram que a oração pode ter um efeito positivo na saúde de uma pessoa. Mas as orações feitas por outras pessoas podem surtir algum efeito?
Alguns estudos mostraram que pessoas religiosamente ativas tendem a ser mais saudáveis. Isso pode ser devido ao poder da oração, mas também pode ser explicado pela disposição de se levar uma vida regrada, já que muitas religiões pedem que seus devotos evitem atos que ponham a saúde ­em risco, como por exemplo o consumo de álcool e de cigarro (em inglês), além do sexo casual. Além disso, pessoas religiosamente ativas são beneficiadas pelos laços sociais dentro de seus grupos religiosos. Um estudo da Universidade da Califórnia - Berkeley confirmou que pessoas religiosas apresentam um risco menor de doenças e de morte [fonte: Yang (em inglês)]. Dentro e fora da comunidade científica muitos acreditam que a oração pode ser benéfica à saúde das pessoas.
As intercessões ou orações à distância são um caso à parte. A oração intercessora é o ato de orar pedindo que uma força maior interceda em favor de uma outra pessoa, geralmente para que ela se recupere de um problema de saúde. A oração à distância é uma forma de oração em que alguém reza por uma pessoa que não conhece, geralmente como um pedido de uma igreja ou de alguma outra instituição religiosa. A crença de que esse tipo de oração tenha qualquer efeito na saúde de alguém é alvo de desdém de grande parte da comunidade científica.
Estudos científicos sobre a oração intercessora obtiveram diferentes resultados. De um lado estão os que acreditam que aquilo que não pode ser provado por meios científicos, não existe. Do outro lado, estão os que acreditam no poder da oração, não importando se comprovado ou não pela ciência.
Mas porque esse é um assunto tão controverso? De acordo com um estudo da Universidade de Rochester (em inglês) cerca de 85% das pessoas que sofrem de alguma doença adotam a oração como tratamento complementar. A oração é considerada o tratamento complementar mais utilizado pelos americanos (em inglês), mais ainda que as vitaminas (em inglês), ervas ou exercícios terapêuticos como a yoga. Se isso faz com que uma pessoa se sinta melhor, mesmo que não seja comprovado cientificamente, que mal pode causar?
A idéia de que nós, humanos, temos a capacidade de curar outras pessoas simplesmente utilizando nossas mentes (ou pedindo a uma força maior que interceda) vai contra o que a ciência acredita. Mas, na busca pela verdade, os pesquisadores investigam a prece cientificamente. Com tantas pessoas buscando apoio na oração, os cientistas têm a responsabilidade de determinar se isto é benéfico ou maléfico para elas.
Em 1988, o físico Randolph Byrd chocou o mundo com os resultados de um estudo, que ele conduziu cinco anos antes, sobre os efeitos da oração em pacientes cardíacos. Byrd estudou 393 pacientes internados em uma unidade de tratamento cardíaco em um hospital de São  Francisco. Os pacientes eram “estatisticamente semelhantes”, o que significa que  suas condições eram todas similares. Esses pacientes foram divididos em dois grupos: os que receberam oração intercessora e os que não receberam. Nem o médico nem o paciente sabiam quem estava em qual grupo.

Garoto se recuperando na UTI
Ian Waldie/Getty Images
Estudos investigaram se a oração intercessora pode ou não auxiliar pessoas doentes em recuperação, como este garoto em uma unidade de terapia intensiva em Sydney, Austrália
Byrd forneceu o primeiro nome, o diagnóstico e o estado de um paciente para diferentes grupos de três ou quatro cristãos praticantes de diferentes congregações. Esses grupos rezaram por seu paciente diariamente durante a sua internação, longe do hospital, sem conhecê-lo pessoalmente. 
Quando o estudo foi concluído, Byrd descobriu que, de fato, havia uma diferença significativa na qualidade da recuperação dos pacientes que receberam as preces. No geral, eles se sentiram melhor do que os que não receberam as orações. Quase 85% do grupo que recebeu as orações intercessoras alcançaram “bom” no sistema de classificação utilizado pelos hospitais para medir a resposta do paciente ao tratamento. Eles estavam menos propensos a sofrerem um ataque cardíaco, precisarem de antibióticos  ou necessitarem de intervenções como ventilação ou intubação. Por outro lado, 73,1%  dos participantes do grupo de controle alcançaram a classificação “bom” [fonte: Byrd (em inglês)].
O estudo de Byrd originou uma série de estudos semelhantes. Mesmo tendo sido alvo de muitas críticas, Byrd desenvolveu um modelo para outros estudos sobre a oração. Um deles, conduzido por um grupo liderado por William Harris em Kansas City (em inglês) no Estado de Missouri (em inglês) em 1999, confirmou o estudo de Byrd. O grupo de Harris chegou a resultados relativamente similares: 67,4% do grupo que recebeu a oração intercessora alcançou a classificação “bom”, comparado com os 64,5% do grupo de controle [fonte: Harris, et al (em inglês)].
Mas outros estudos não tiveram os mesmos resultados. O Estudo dos Efeitos da Oração Intercessora (STEP - Study of the Effects of Intercessory Prayer), publicado em 2006 no American Heart Journal, acompanhou  pacientes em seis centros médicos nos Estados Unidos (em inglês).
Esse estudo dividia pacientes que haviam sofrido cirurgia de ponte de safena (em inglês) em três grupos:
  • os que receberam orações de um grupo
    de fora, mas que não estavam cientes disso;
  • os que não
    receberam orações;
  • os que estavam cientes de que estavam recebendo orações.
Não apenas o  estudo STEP obteve resultados diferentes dos obtidos por Byrd e Harris, mas também revelou um aspecto totalmente inesperado. Os pacientes que receberam as orações tiveram mais complicações do que os que não receberam (52% contra 51%). Mas, surpreendentemente, os que sabiam que estavam recebendo orações foram os que mais sofreram: 59% desse grupo teve complicações após a cirurgia [fonte: Harvard (em inglês).
Em um estudo conduzido pela Universidade Duke em 2005, pesquisadores investigaram os efeitos da oração, assim como os da terapia de toque, da música e das imagens (MIT). Esse estudo foi aplicado aos pacientes em seus leitos. Os resultados mostram pouca diferença na recuperação dos que receberam apenas a oração, dos que receberam a terapia, dos que receberam ambos e dos que não receberam nem orações nem terapia. Mas mostrou, entretanto, que houve uma ligeira diferença entre a taxa de mortalidade registrada nos grupos após Seis meses de tratamento. O grupo que recebeu a oração intercessora junto com a terapia teve a menor taxa de morte nos seis meses após a cirurgia, apesar disto não ter sido considerado como uma diferença significativa pelos pesquisadores que conduziam o estudo [fonte: Duke (em inglês).
Então qual o resultado? O  poder da oração foi provado ou não? A palavra final foi dita?
 
 
 
 Em um estudo conduzido pela Universidade Duke em 2005, pesquisadores investigaram os efeitos da oração, assim como os da terapia de toque, da música e das imagens (MIT). Esse estudo foi aplicado aos pacientes em seus leitos. Os resultados mostram pouca diferença na recuperação dos que receberam apenas a oração, dos que receberam a terapia, dos que receberam ambos e dos que não receberam nem orações nem terapia. Mas mostrou, entretanto, que houve uma ligeira diferença entre a taxa de mortalidade registrada nos grupos após seis meses de tratamento. O grupo que recebeu a oração intercessora junto com a terapia teve a menor taxa de morte nos seis meses após a cirurgia, apesar disto não ter sido considerado como uma diferença significativa pelos pesquisadores que conduziam o estudo [fonte: Duke (em inglês).
Provar a existência de Deus por meio de pesquisas científicas pode tornar as pessoas um tanto sensíveis. Para os que acreditam na existência de Deus e no poder curativo da oração, a ciência simplesmente não é capaz de correr tamanho risco. Em outras palavras, Deus não pode ser encontrado pelos métodos científicos. "Deus está além do alcance da ciência", disse o Rev. Raymond J. Lawrence do Hospital Presbiteriano / Centro Médico da Universidade de Columbia, em Nova York ao Washington Post. "É absurdo pensar que se poderia utilizá-la para examinar a obra de Deus".

Amish em um funeral no Mississippi
Mario Tama/Getty Images
Os Amish são freqüentemente apontados como modelos de devoção na América. A ciência é capaz de comprovar ou desmentir a eficiência de crenças religiosas?
Alguns cientistas estão preocupados com a possibilidade de a ciência acrescentar peso à existência de Deus ao investigar a oração. Outros dizem que se a ciência se esforçasse em encontrar Deus, isso deveria acontecer em uma escala muito maior. Procurando por evidências de Deus na recuperação de pacientes cardíacos, o Dr. Gil Gaudia da Universidade de Stanford escreveu: "seria como pedir que um compositor com uma capacidade musical um quadrilhão de vezes maior que a de Ludwig van Beethoven que demonstrasse sua musicalidade escrevendo as notas de "Três Ratinhos Cegos" [fonte: Medscape (em inglês).
Ainda assim, o interesse no estudo do poder da oração não diminuiu desde a publicação do estudo de Byrd em 1988. Uma pesquisa realizada em 2000 avaliou o desempenho dos estudos sobre a oração e outros tipos de "cura à distância". Os pesquisadores investigaram 23 estudos que apresentavam metodologias de alta qualidade, as etapas utilizadas nos estudos para mensurar resultados e controlar os fatores externos. Desses estudos, 57% conseguiram resultados significativos em favor dos impactos positivos da oração à distância na saúde.
Os pesquisadores descobriram que existem grandes desafios para investigar que efeitos a oração tem sobre a cura. Os que se dedicam seriamente ao estudo da oração têm uma grande dificuldade em achar a melhor forma para examinar cientificamente algo tão pouco científico. Para começar, a oração não é como um novo medicamento sendo testado em pacientes humanos. E ela não pode ser medida em microgramas ou centímetros cúbicos. Então como os pesquisadores podem determinar quanta oração uma pessoa recebe?
Os pesquisadores que conduzem estudos sobre os efeitos das orações intercessoras estão bastante cientes de que os resultados não são cientificamente puros. Os grupos que não deveriam receber orações podem receber orações de pessoas de fora da experiência. E aqueles que devem receber orações podem também receber orações adicionais de pessoas de fora do estudo. Os pacientes também podem fazer orações sozinhos. Cada um desses fatores destrói efetivamente a confiabilidade dos dados.
Apesar dos obstáculos, a discussão sobre a importância medicinal da oração intercessora continua. Enquanto as pessoas acreditarem na oração, a ciência provavelmente continuará investigando seus efeitos. Mas até que as metodologias possam ser aperfeiçoadas ou até que evidências irrefutáveis a favor ou contra os poderes da oração sejam descobertas, a crença na oração como um fator de cura continuará sendo uma questão de fé.
Fontes:
Astin, John A. Ph.D., et al. "A eficácia da 'oração à distância': Um retrospecto sistemático de tentativas aleatórias". Anais de Medicina Interna 6 de Junho de 2000 Bernardi, Luciano, et al. "O efeito da oração do rosário e dos mantras do yoga nos ritmos cardiovasculares autônomos: estudo comparativo". Revista Médica Britânica. 22 de Dezembro de 2001
Byrd, Randolph C. MD. "Efeitos terapêuticos positivos da oração intercessora na população da unidade de cuidados coronários" Southern Medical Journal. Julho de 1988

 Dusek, Jeffrey A. Ph.D. "Estudo dos efeitos terapêuticos da oração intercessora (STEP) Desenvolvimento do estudo e métodos de pesquisa"
 

Gaudia, Gil. "Sobre a oração intercessora O estudo científico sobre os milagres". Medscape. 20 de Março de 2007

 Lamb, Gregory. "Estudo mostra dificuldade de isolar os efeitos da oração em pacientes". Christian Science Monitor. 3 de Abril de 2006

 Moran, Mark "Pacientes cardíacos pouco se beneficiam pela oração e pela terapia MIT". Associação Americana de Psiquiatria. 2 de Setembro de 2005

 Yang, Sarah. " Mantendo a fé: Pesquisador da Universidade Berkeley relaciona freqüência semanal à igreja com uma vida mais longa e saudável". Universidade da Califórnia, Berkeley. 26 de Março de 2002

 "O maior estudo sobre oração de terceiros sugere que a oração não é eficaz em reduzir complicações de cirurgias cardíacas. Escola de Medicina de Harvard. 31 de Março de 2006

 "Vários pacientes com câncer recorrem a terapias complementares para cura" Universidade de Rochester. 7 de Junho de 2004
 "Resultados dos primeiros testes sobre orações intercessoras e toques curativos em pacientes cardíacos". Universidade Duke. 14 de Julho de 2005

Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/cura-pela-prece.htm

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